O mundo está cheio de pessoas reclamando sobre praticamente tudo. Manchetes que destacam a corrupção, a crueldade e a imoralidade indicam o grau de decadência da sociedade moderna, dando motivo para muitos comentários sobre o lamentável estado desse mundo perdido. Da ótica cristã, não há por que se surpreender com isso. Mais de 1.900 anos atrás, um apóstolo de Jesus comentou sobre a grande divergência entre os cristãos e as pessoas que não servem ao Senhor: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 João 5:19). Se você espera um mundo onde a maioria vai apoiar o certo e se mostrar submissa à vontade de Deus, será profundamente decepcionado. Jesus mesmo deixou claro que isso não vai acontecer (Mateus 7:13-14). Cristãos, acordemos e aceitemos os fatos! Vivemos em um mundo hostil à nossa fé.
O reconhecimento dessa realidade, contudo, não é motivo de se desesperar. Os verdadeiros cristãos, cuja fé vai além de alguns símbolos externos e envolve mais do que apenas a participação de ritos religiosos, entendem seu contexto. O Senhor nos deixou, de propósito, em um mundo que nos odeia! Jesus orou ao Pai sobre seus discípulos mais íntimos: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (João 17:14-18).
Mas dizer que ele nos deixou pode dar a impressão errada. Ele enviou seus discípulos ao mundo, ou seja, mandou que tivessem contato com outras pessoas para confrontar as trevas com a luz do evangelho. Conflito seria natural e esperado (Mateus 10:34).
Diante desse fato do conflito inevitável entre a palavra de Cristo e o mundo dominado pelo Maligno, seria insensato, imprudente e simplesmente absurdo para os pais confiarem a educação dos seus filhos à sociedade. Para muitos pais, a educação dos filhos é resumida principalmente no que aprendem no mundo, seja ao estudar na escola, assistir à televisão, acompanhar os colegas ou navegar na internet. Muitos pais deixam seus filhos crescer como plantas no mato ou cachorros de rua, sem proteção, planejamento ou orientação. Vendo os pais como incompetentes, irresponsáveis ou as duas coisas, os governos de muitos países tomam para si cada vez mais responsabilidade na educação das crianças. Mesmo por muitos pais que se consideram cristãos, o papel de educador é transferido para outros: igrejas, escolas, amigos etc.
A resistência às tendências tenebrosas da sociedade se baseia no papel de pais responsáveis que não fogem da sua missão de educar seus filhos. Ao invés de culpar escolas, governos e colegas, os pais precisam encarar sua responsabilidade no trabalho privilegiado de orientar seus filhos conforme os propósitos do nosso Criador. O apóstolo Paulo escreveu: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6:4). Quase 1.000 anos antes de Paulo, um outro autor disse: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6). Esse provérbio não é uma garantia absoluta, pois cada filho cresce e ganha a liberdade de tomar suas próprias decisões. Mas, no geral, um filho que recebe uma base sólida em casa conseguirá caminhar bem durante o resto da vida.
O exemplo da infância de Jesus nos lembra que o desenvolvimento de um filho envolve todos os aspectos: crescimento físico, intelectual, social e espiritual (Lucas 2:52). O aspecto mais importante é, frequentemente, o mais difícil e o mais negligenciado. Pais que não priorizam seu próprio crescimento espiritual são mal preparados para guiar seus filhos. Quando Moisés orientou os israelitas sobre essa responsabilidade de aproveitar suas oportunidades para instruir os filhos sobre a vontade de Deus, ele deixou bem claro que tal ensinamento seria um reflexo do compromisso e dedicação dos próprios pais (Deuteronômio 6:4-7).
Professores nas escolas e nas igrejas podem ajudar ou atrapalhar, mas os pais não devem abandonar suas responsabilidades na educação dos filhos, deixando-as nas mãos dos profissionais. No final das contas, Deus deu bebês aos pais, e estes foram encarregados da responsabilidade de criar e guiar seus filhos e equipá-los para viver em um mundo hostil. Nem o estado nem a igreja pode cumprir esse dever, esse grande privilégio, reservado aos pais.
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