SEMEADORES DA PALAVRA DE DEUS
A nacionalidade do profeta Jonas é citada no livro de II Reis 14:25 “ filho do nativo Amitai, morador de Gate-Hefer situada cinco quilômetros ao nordeste de Nazaré”. Era um profeta judeu e o primeiro com a missão de pregar aos gentios. Enviado a cidade de Nínive, Jonas viveu momentos atípicos como ser engolido por um grande peixe e ver uma aboboreira nascer e crescer sobre sua cabeça em questão de minutos. Por tamanha aproximação com peixes e plantas, costumo chamar Jonas de: o profeta da natureza. Pode ser apenas mais uma curiosidade, mas Jonas significa “pombo”, uma ave mansa e que passeia descontraída entre aglomerações de gente.
Profeta Jonas demonstrava amar animais e plantas, mas quando se tratava de pessoas, ele não tinha muita paciência, especialmente, se estas fossem inimigas politicas de Israel (era o caso dos Ninivitas). E Deus resolve alargar o amor de Jonas por quem ele desprezava, então, envia-o para o território que ele jamais imaginara ir: Nínive. Jonas reluta , mesmo sabendo que ninguém seria capaz de fugir da presença de Deus. Mas ele tenta, e, claro, não consegue. Que sucesso é o ministério de Jonas! Em um dia de andança pela cidade, a mensagem de Deus, pregada por ele, consegue alcançar todos os termos de Nínive. As pessoas se arrependem e Deus os perdoa .
Já estava tudo em paz em Nínive e ele poderia simplesmente ter pego uma embarcação de volta para casa, satisfeito e feliz. Mas não. Ele junta algumas palhas, restos de madeira e faz uma cabana em um morro com vista para Nínive, esperando a cidade ser destruída pela ira de Deus. Ele não sabia o que se passava no interior das pessoas e julgava erradamente. Jonas, de espia no morro, com calor e aguardando um final infeliz para os inimigos de sua nação. Deus faz nascer uma aboboreira e cobre a cabana de Jonas com folhas viçosas e largas, ele se alegra pela sombra e conforto. Até que, em alguns minutos, sua tranquilidade é abalada …
"Mas Deus enviou um verme, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou. E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver. Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem que me revolte até à morte .E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?" Jonas 4:6-11.
Lições práticas em Jonas
Poucas coisas na vida tocavam tão profundamente o coração de Jonas quanto a natureza. Podemos constatar em seu livro, a constante referência aos animais e em menor grau, às plantas. É em Jonas que se vê nitidamente um prelúdio a movimentos atuais como: ONG's defesa de animais, preservação do planeta. É em Jonas que também se percebe o erro da pregação exclusivista, de julgar-se superior ao outro e/ou de condenar quem Deus não condenou.
Jonas estava feliz com sua posição de conforto, pois,Deus, havia se mostrado próximo e presente ao presenteá-lo com a sombra da aboboreira. Contudo, ao retirar o conforto de Jonas ele se irrita sobremaneira. E aí Deus ensina sobre a fragilidade dos abrigos humanos, ensina sobre igualdade e justiça; o fato de Jonas ser profeta não faz com que Deus cumpra sua vontade de destruir os ninivitas. Bom é Deus que não concretiza tudo que pedimos, pois, muitas vezes, não sabemos o que pedir. Deus realizou em Nínive o que estava em Seu coração amoroso e não o que Jonas pensou e/ou pediu em seu íntimo.
Deus se relaciona de modo peculiar com seus filhos, pois, em todo o tempo demonstrou conhecer tudo que estava no coração de Jonas e por onde quer que fosse o profeta, Deus estava com ele. Não houve lugar, nem situação, onde Jonas pudesse se esconder:
“Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.” Salmos 139:7-10
Eu amo as lições contidas na pessoa de Jonas e no seu ministério porque de todas as formas, nos faz contemplar a misericórdia incomparável de Deus para com o homem. Uma misericórdia que concede graça sobre graça aguardando arrependimento e mudança de comportamento. Uma misericórdia que corrige, mobiliza para um despertar na direção dAquele que perdoa.
Deus não suporta o pecado, o que se fazia em Nínive era reprovável. Contudo, Ele enviou seus alarmes para aquele lugar. Não nos enganemos, Deus tem enviado seus alarmes também para essa geração. A igreja,os cristãos, não devem, a exemplo de Jonas, se colocar em um patamar de exclusividade e se negar a demonstrar o amor de Deus. Demonstrar, não apenas falar, pois,que não há mensagem eficaz se não houverem ações de amor autêntico por Jesus. E amar a Jesus não é de modo algum ser conivente com o pecador, mas oferecer aquilo que pode salvá-lo por completo: O Evangelho.
Claro que sou falha e como tenho me esforçado para ser melhor, sei, contudo, que o de melhor não está no que eu posso oferecer, mas naquilo que Jesus me capacita a oferecer. É o olhar através de Cristo, o pensar através de Sua Palavra, Seus ensinamentos, é amar quem eu jamais amaria, não condenar por saber que Jesus não o condenaria. E assim mesmo, se esforçando para servir, ainda me pergunto: por que não sirvo como deveria? É que a verdade nua e crua presente em Jonas também está em mim, nas zonas de conforto, nos julgamentos errados em relação ao outro, a Deus.
A cabana de Jonas, também é a minha, a nossa.
O que fazer? Graças a Deus, e por causa da nossa fragilidade, da cabana que é a vida, é que existe Evangelho. É no reconhecimento de nossa fraqueza e miséria que Cristo se faz real em nós. Apóstolo Tiago disse, e imagino a veemência de Tiago pregando essa mensagem, com a autoridade de quem andou com Jesus, conhecendo-O de perto:
“Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará. Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo? ”Tiago 4:7-12
Resistir,servir, purificar, manter comunhão com Deus, passa pela via dos julgamentos que fazemos de nós e do próximo. Percebemos que Jonas era esse irmão de quem fala Tiago: alguém com a mente dividida. Jonas? Sim, o profeta da natureza. Ele conhecia a Deus, mas fugia Dele. Sabia que Deus era longânime,mas aguardava a destruição imediata de Nínive. Foi capaz de pregar maravilhosamente bem aos pecadores, mas não acreditava que pudessem ser perdoados, pode?
A cabana de Jonas não era segura.
Por isso,amados do Senhor, se há em nós indícios de morarmos em uma cabana como a de Jonas, não nos alegremos pela ornamentação dela, não busquemos cobri-la de sombra,nem exaltá-la em montes de modo a nos sentirmos superior.
Nossa vida é Cristo Jesus e deixemos que Ele habite em nós conduzindo-nos a uma vida de servos não conformados com os males,com o pecado, sabendo que nossas limitações não limitam o amor e poder de Deus que age hoje, da mesma forma que agiu no passado. Não é da frágil cabana que emana a virtude,mas de um templo cheio do Espírito Santo de Deus, e esse templo, como bem diz a Palavra de Deus, somos nós, os fracos que pela fé, se fizeram fortes.
Deus o abençoe
semeadores da palavra de deus
Nenhum comentário:
Postar um comentário